Apetites ...


Apetece-me fugir como se fosse a maior cobarde do mundo. Apetece-me ir para o recanto mais longínquo do universo, o mais longe que eu pudesse. Apetece-me ir e vaguear como pena ao vento, sem ter de escutar as batidas do relógio, sem ter de informar onde e com quem estou, sem me esconder dos olhares invejosos do mundo. Apetece-me ir e correr como criança que corre atrás de um fim que pensa existir, atrás do arco – íris que fica lá longe mas que fica no horizonte, atrás das ondas que enrolam na areia mas que pensam nunca quebrar, atrás do sol que lá no alto sorri, correr atrás das pombas e ver que elas se soltam naquela total agitação, atrás de qualquer coisa que me fizesse correr ainda mais. Apetece-me puder gritar mas nunca ninguém me ouvir, gritar e derrubar TODAS as minhas preocupações, gritar e quebrar a mutilação dos sonhos e gritar mas gritar, soltar dos pulmões todo as partículas do fuma mais negro. Apetece-me saltar, pular como saltitão rebola embriagado, saltar e cair, rebolar e rir da sensação, puder soltar esta fadiga incorpusculada e meticulosa que me fomenta a alma. Apetece-me chorar, chorar por lembrar o céu e o mar, por pensar no sol e na lua, por inalcançar o fogo e a água ainda abruptos e culposos por desastres infernais, chorar de raiva e de ódio, chorar de alegria e paz, chorar num sentimento desastroso, chorar numa chama bela, chorar com a alma e o coração, mas deitar as mais singelas e pequenas lágrimas que libertam tanto. Apetece-me passear, caminhar em direcção ao mar deixando que os sentimentos me sigam no vento, ser paisagem de uma obra digna de admiração sem fama mas com coragem e satisfação, ser alma pura de viagem sem fim, de sonhos sem pudor, sem a ambiguidade das coisas materialistas.
Apetece-me…
Apetece-te …
Apetece-nos…
Apetece-me ser eu.
Apetece-me que sejas tu.
Apetece-me que sejamos nós.
Apetece-me envolver meu corpo como esfera especulante, como rosa em botão, como girassol ainda em semente. Apetece-me olhar aquela beleza infinita que me leva á loucura, acumular no meu quadro a textura daquele corpo tão tórrido e inocente, deixar que o pincel alimente de cor aquela tela vazia.
Why not? Apetece-me fugir como se fosse a maior cobarde do mundo. Why not? Apetece-me vaguear como pena ao vento. Why not? Apetece-me correr como criança atrás de um mundo sem fim. Why not? Apetece-me gritar sem que ninguém me oiça. Why not? Apetece-me chorar de raiva e de ódio. Why not? Apetece-me envolver meu corpo numa esfera especulante. AND WHY NOT?
Eu sou do mundo. Porque não o mundo ser meu?! I believe in Love, I believe in Life, I believe in the World, I BELIEVE ME.
Apetece-me… and WhY NoT ?

- Mais um sonho sonhado , mas sem realizaçao possivel . Desilusão …